quinta-feira, 19 de junho de 2014

Isto há cada tolo

Hoje, presa no trânsito, um labrego (desculpe senhor mas não tem outro nome) passou-se da tola. Entrei na rotunda, na minha vez. Juro que cumpri todas as novas regras. Juro!!! E esta ave rara, estando já eu a circular na rotunda, resolveu entrar sem dó nem piedade. O choque não se deu por pouco. A minha única reacção foi buzinar e seguir o meu caminho. Um pouco à frente tive de parar porque havia obras. O tolo parou na faixa ao lado (a faixa em obras) e saiu-se com esta pérola:
- Estás com comichão? Eu posso tirar-ta.
E repetiu, voltou a repetir. Ouvi bem porque a janela estava meia aberta. Estava bêbedo, sim, sei que estava.
Depois de olhar, voltar a olhar só me saiu:
- Está mas é calado! Só estás a fazer figuras tristes.
Fechei os vidros, tranquei as portas e continuei parada porque o trânsito continuava estático. O coração começou a disparar, senti as pernas a tremer porque não havia força para carregar na embraiagem. O homem ficou furioso, ameaçava sair do carro, tirar qualquer objecto do porta-luvas. Deitava a cabeça para fora do vidro do carro e ameaçava... Só tive tempo de pegar no telemóvel, ligar para o esposo e colocá-lo em linha em alta voz.
O trânsito começou a fluir, o louco conseguiu vir para a minha faixa e foi um ver se te avias para me apanhar. Quando se aproximou consegui ver a matrícula e ditá-la ao esposo. Resolvi cortar na próxima rotunda logo à direita, sem sinalizar a manobra. Essa saída dava acesso quase directo à esquadra da polícia. Já tinha feito o esquema todo e ia parar juntinho à entrada da mesma. Nisto, o labrego resolveu seguir outro destino. Acho que percebeu os meus pensamentos. Foi altura de descomprimir, de controlar o ritmo cardíaco até ao normal e de acalmar o esposo.

Nunca tinha passado por nada igual mas já deu para perceber que o meu coração está em grande forma porque, de outra maneira, tinha-me dado algum mal quando o vi a remexer o porta-luvas. Mas não, continuei aparentemente impávida e serena (pelo menos tentei demonstrar-lhe isso), no entanto, nem quero que me lembre da minha aceleração interior.

Sem comentários:

Enviar um comentário